Eu sei, sei que prometi atualizar o blog toda semana, mas é que andei meio sem tempó. Mas hoje vou contar uma estorinha para vocês.
Hoje foi meu ultimo dia de treinamento. Amanha começa a grande batalha contra os Neimos, povo rival ao nosso que da ultima vez que invadiram nossas terras estupraram nossas mulheres e crianças. Nosso povo tinha o costume de exilar as mulheres gravidas dos Neimos, junto com as crianças estupradas, os monges diziam que os deuses as consideravam impuras. Após gerações, mulheres também se tornaram grandes feiticeiras e acabaram por findar esta cultura.
Eis então que eu, filho de um neimo que estuprou minha mãe, pude crescer na tribo Boerta e ser até treinado como um arqueiro. A vida de um arqueiro é um tanto quanto trabalhosa, ao amanhecer nos reuníamos e saíamos em busca de árvores saudáveis e pedras cortantes para fabricarmos flechas. Digamos que quando se é um aprendiz temos de fazer o serviço pesado, que começa assim. Na parte da tarde aprendíamos coisas como a influencia do vento e da distância na hora de atirarmos uma flecha no inimigo. Com o tempo, nossa tribo conseguiu reunir um grande grupo, liderados por Dhorff, um antigo guerreiro remanescente da grande Guerra do Swadh, na qual poucos integrantes da infantaria sobreviveram. Aliás, somente os que fugiram ou se esconderam sobreviveram, pois o desfiladeiro de Swadh permitia grande visão aos arqueiros, além da privilegiada posição de ataque. Dhorff era um arqueiro da terceira linha, diz a lenda com 16 anos na época e pouco viu da Guerra, mas era um exímio estrategista e é baseado neste conhecimento que ele hoje nos deu o ultimo treino.
Crinn, minha amada, fez hoje uma grande festa com nossas famílias, dizendo que um grande guerreiro merece todas as aclamações antes de partir para uma guerra, pois não sabia se iria retornar para continuar as plantações e a fabricação de flechas ou espadas. Crinn tinha a minha idade, 17 anos, e nascera poucos dias antes de mim, na primavera, era uma mulher dócil, porém muito honesta e honrosa. Sempre fomos muito amigos, até descobrir os um ao outro.
Confesso, tenho medo de não voltar a vê-la, mas o sentimento de privar a todo o povo de Boerta do sofrimento consumia a mim e a todo nosso exército de mil arqueiros e dois mil guerreiros.
O dia seguinte chegou como uma nuvem negra chega no céu do inverno, imponente e solitária, mas capaz de amedrontar até o mais destemido dos animais. E, naquele cenário negro, partimos...
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