No mundo de hoje, vivemos em uma sociedade que preza pelo convém. Não o que convém a nós, como um todo, mas o que convém a mim. Por exemplo, para o estadounidense convém financiar guerras em prol da pátria, ao traficante convém vender drogas para financiar o crime organizado em geral etc, etc, etc...
Creio que o maior exemplo dado é o dos comediantes dos "Trapalhões", com o clássico "'Papai, eu quero me casar!'; 'Pois, minha filha, você diga com quem'; 'Eu quero me casar com o Marlon Brando'...". Por que um pai não deixaria sua filha se casar com quem ela quer (no caso, um ícone do cinema mundial e dos corações de muitas moçoilas da época)? Por que ele pensa no que convém a ela, certo? Errado! Hoje o que vemos na sociedade é a briga para convercermos o próximo o que convém a nós (a mim e a você), sem "olhar com os olhos" dele. Aproveitando o exemplo, no caso de um pai, no dialeto católico apostólico romano, não abençoar um casamento, ele não desaprova por olhar para sua filha e perceber que a mesma não ama o futuro noivo, ou ver que o "cabra" é safado mesmo, ou quaisquer outros motivos que ele veja que a fariam sofrer, independente de breves momentos de uma falsa felicidade. O que o pai pensa, hoje em dia, é no que convém a si, se o futuro genro vai "furar" sua "Virgem Maria", ou se vai tirar o seu bebêzinho de seus braços; Sim, isto é um paradoxo de deixar qualquer um com os cabelos em pé, afinal ninguém gosta de sofrer.
Outro problema é que ninguém quer "sofrer" nem mesmo pelo fato de o gosto do próximo ser diferente do seu, como no caso das pessoas que vão à sua casa e mexem no som para trocar de música simplesmente pelo fato de ela não gostar. Mas... peraí! Tudo tem limites! A minha liberdade começa onde a do próximo acaba. E está é uma máxima tão óbvia que está sendo deixada de lado. Veja bem, os deficientes só podem o ser onde há acessibilidade, os gays só podem se casar onde há leis que permitam, os negros só podem ser gente onde há abolição! Absurdo isso, A-B-S-U-R-D-O. Mas o problema é que nós mesmos somos culpados, pois nossas atitudes são contraditórias. Pense num engenheiro que construiu uma escadaria na frente de sua casa e que, tempos depois, acaba se tornando paraplégico. Ou, trazendo ao microuniverso, pense nas vezes em que você realizou certas ações para com o próximo que você não gostaria que fossem tomadas contra você. Lembro, ninguém aqui diz que devemos ser perfeitos, isso criaria um vórtex na Terra, mas se nós comessássemos a respeitar mais a nós mesmos, as relações interpessoais tenteriam a uma melhora absurda, e não o contrário que nos é, infelizmente, tão peculiar no cenário atual.
Respeito, é isto que está faltando.
Respeitar a nós mesmos é apenas o começo para respeitarmos aos outros. Pense no que iria custar tirar os calçados ao adentrarmos em uma casa tipicamente japonesa, no que iria custar a um típico estadounidense responder educadamente à saudação islâmica "salamaleico", no que iria custar ajudar a um cego tomar o ônibus. Custaria respeito, custaria estar aberto a uma nova cultura, a um novo conhecimento adquirido através de outras pessoas, coisa que a cultura do "eu", ou (como vovó já dizia) a cultura que vai até o "vem a nós" e esquece do "vosso reino", acaba por não cultivar.
Enfim, hoje o bom é parecer um diamante polido e tratado, mesmo que seu interior seja um pedaço de carvão mineiral queimado. Queimado e sem valor...
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